Lembro como se fosse hoje, o dia em que ouvi da boca do nosso extraordinário Jota Dangelo:
- “ô Liandro, você quer mesmo ir para BH então arruma sua coisas e vai, tem lá a casa de cultura você fica por lá, o importante é você estar no metiê...”
Neste dia gelei... quase falei “nãoo to brincando”, a dor de barriga era daquelas finiiinhass... imagina o Jota Dangelo figura ilustre do cena teatral mineira e nacional, me oferecendo refúgio na casa, onde se criavam e encenavam suas peças, onde funcionava uma espécie de casa, café, bar, pensão, teatro, ateliê... lá se respirava, conversava, discutia, ensaiava, encenava e morava... gente de teatro.
A Casa de Cultura Osvaldo França Jr. era uma casa antiga, com piso de tábua corrida, cômodos grandes e um quintal que se transformou no teatro, onde habitavam as peças e os ensaios dos atores da Cia. Lembro que não tinha cama, os cômodos eram tomados por adereços e figurinos dos espetáculos e tudo cheirava teatro ...coxia ... e era ali a carpintaria do grupo, e foi ali que vivi durante um tempo, quando fui morar em BH, dormia em um colchão em meio as roupas (figurinos) penduradas na araras ... parecia sempre que a casa estava cheia de hóspedes, e eu nunca dormira sozinho, com aqueles figurinos eu sempre imaginava os atores em seus respectivos personagens. Aliás foi por ter vivido em volta das araras que meses mais tarde fui convidado a fazer parte do espetáculo infantil “ O casamento da ararinha azul” dirigido pela Mamélia, diretora, atriz e figurinista de primeira, este momento foi o divisor de águas na minha carreira, posso dizer que a partir da ararinha voei mais alto, é claro, e lá fui eu para avenida viver os carnavais de outrora... experimentei ser carpinteiro, ajudante, mestre sala e destaque da escola de samba UNIÃO, famosa pelos desfiles impecáveis apresentados na avenida.
Jota dangelo e Mamélia se tornaram pra mim espécie de amuleto da sorte, é de costume todo janeiro eu ir visitar Mamélia e Dangelo, para que assim, meu ano se inicie com boas vibrações e certos de que será sucesso, parece uma benção de virada de ano, sempre dou um jeito de visitá-los na casa da R. Ribeiro Bastos, é antigo o desejo em dizer...escrever...e externar, após 14 anos passados do convite feito e aceito, minha enorme gratidão e admiração pelo Dangelo e Mamélia que me acolheram de braços e portas abertas na capital mineira, proporcionando a minha pessoa ser melhor na arte e na vida.
Muito Obrigado...
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